quarta-feira, 30 de março de 2011

Phyllis e Demofonte, a força do amor





Uma das mais belas e tristes histórias de amor da antiguidade envolve Demofonte e Phyllis. Demofonte era rei de Atenas, filho de Teseu. Ao voltar da Guerra de Tróia, Demofonte parou o seu navio no pequeno reino da Trácia onde conheceu Phyllis, a bela filha do rei. Eles se enamoraram no momento em que se viram. Vendo os jovens assim tão apaixonados, o rei consentiu no casamento instituindo o futuro genro como herdeiro de seu trono.

Antes do casamento, Demofonte explicou que precisava fazer uma breve visita a seu pai em Atenas, afinal não o via há muitos anos desde que partira para a guerra. Rogou pela compreensão de Phyllis, jurando que estaria de volta em quatro meses para viver para sempre ao lado da amada. Depois de ver a lua cheia brilhar por quatro vezes, Phyllis contava os dias e as horas, como só os apaixonados sabem contar.


Vivendo junto a praia observando o horizonte, várias vezes se iludiu julgando ter avistado ao longe as velas brancas do navio de Demofonte. Ele não aparecia e ela inventava mil desculpas para sua demora: talvez o pai o tivesse retido por mais tempo ao seu lado ou algo de ruim tivesse acontecido no caminho. Ás vezes ficava arrependida só de pensar nisso e corria a pedir aos deuses que o protegessem.


À medida em que o tempo passava, suas esperanças diminuíram, e, aos poucos, começou a ser dominada pelos fantasmas de sempre: talvez tivesse sido enganada por palavras doces, seduzida e abandonada. Julgou que seriam falsas as juras de amor, como eram falsas as lágrimas que ele tinha derramado ao partir. Talvez ele nem mesmo se lembrasse mais dela e a essa hora poderia ter encontrado outro amor.


Tomada pelo desespero, não suportou mais o sofrimento e resolveu se enforcar. Mas os deuses, apiedando-se dela, a transformaram numa triste amendoeira. Quando Demofonte finalmente regressou, três meses mais tarde, só lhe restou abraçar-se a árvore, reafirmando entre soluços, o amor que sentia por Phyllis. Nesse instante a amendoeira se cobriu de delicadas flores, que apenas aguardava o abraço apaixonado do amado, que lhe deu força e a seiva de que precisava para desabrochar.

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O mito de Demofonte e Phyllis fala da força do amor. Esse é o grande prodígio de um amor verdadeiro, ele nos torna mais vivos e mais floridos; ele nos devolve qualidades que julgávamos ter perdido e nos faz descobrir, com surpresa, que tínhamos outras qualidades, que sequer suspeitávamos.

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Quem sou

Nascida em Belo Horizonte, apaixonada pela vida urbana, sou fascinada pelo meu tempo e pelo passado histórico, dois contrastes que exploro para entender o futuro. Tranquila com a vida e insatisfeita com as convenções, procuro conhecer gente e culturas, para trazer de uma viagem, além de fotos e recordações, o que aprendo durante a caminhada. E o que mais engradece um caminhante é saber que ao compartilhar seu conhecimento, possa tornar o mundo melhor.

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