segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Pelops

 

Filho mais novo do ambicioso Tântalo, Pelops foi esquartejado e teve seu corpo servido aos deuses. Mas os deuses logo descobriram a trama de Tântalo e o condenou à fome e à sede eterna. Pélops renasceu quando Zeus ordenou que o corpo de Pélops fosse atirado a um caldeirão, onde Cloto, uma das Moiras, lhe devolveria a vida, substituindo o ombro por um marfim. Para compensar seu sofrimento, ele foi transformado numa linda criatura, mais belo do que antes.

Quando Pelops cresceu, retornou ao mundo dos humanos. Enamorado de Hipodâmia, ele pediu-a em casamento. Porém seu pai, Oenomaus rei de Olímpia, já havia matado trinta anteriores pretendentes, porque uma profecia o alertara de que haveria de ser morto por seu genro. Como condição para o casamento, Oenomaus exigiu que Pélops o vencesse numa corrida de carros.

O rei possuia excelentes cavalos além de que seu servo Myrtilus sempre o ajudava a livrar-se dos pretendentes da filha. Vendo-se em desvantagem, Pélops pediu ajuda aos deuses que lhe concederam um carro puxado por cavalos alados. Ainda assim, Pélops achou prudente aliciar Myrtilus para que o ajudasse a vencer a corrida. Ele prometeu dar a Myrtilus a metade do reino que viria a herdar e o direito de passar a primeira noite de núpcias com Hipodâmia após o casamento.

Myrtilus aceitou a proposta e sabotou o carro de Oenomaus que resultou na morte do rei. Porém, Pelops não cumpriu a promessa feita e quando tentava matá-lo, Myrtilus lançou uma maldição sobre Pelops e Hipodâmia que iria além de todos os seus descendentes.

A maldição lançada por Myrtilus sobre o casal haveria de produzir resultados trágicos na família de Pélops. Dois dos filhos de Pelops, Atreu e Tiestes, mataram Crisipo, seu filho favorito que herdaria o trono. Além disso, Atreu serviu os filhos de Tiestes num banquete, acumulando as maldições que viria a atingir seus netos, Agamenon, Menelau, Egisto e Orestes. Durante o governo de Pélops, seu reino dominou todo a península do sul da Grécia, que passou a se denominar Peloponeso.

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O mito é uma realidade cultural extremamente complexa, que pode ser abordada e interpretada em perspectivas múltiplas e complementares, já que uma narrativa tem o propósito de levar à reflexão do comportamento humano. Os mitos estão perto do inconsciente coletivo e por isso são infinitos na sua revelação. Aquilo que os seres humanos têm em comum revela-se no mito.

Segundo Campbell, são histórias da nossa vida, da nossa busca da verdade, da busca do sentido de estarmos vivos. Os mitos são pistas para as potencialidades espirituais da vida humana, daquilo que somos capazes de conhecer e experimentar interiormente.

A idéia do determinismo expressa que algo ou alguém tem o controle de nossas vidas e que estamos impossibilitados de mudar o nosso destino. Sartre recusava a ideia do determinismo, demonstrando que o ser humano é livre quando escolhe as próprias ações, quando controla a própria vida e sabe que tem a possibilidade e o poder de mudá-la. A liberdade é algo condicionado por questões concretas, entretanto, ao tentarmos resolver os problemas e realizar os próprios projetos, temos escolhas.

A forma como fazemos as nossas escolhas é que determina a realização do que projetamos. Muitas vezes, por forças das circunstâncias, podemos eliminar algumas situações e ao mesmo tempo criarmos outras. Assim, somos agentes ativos de nossa história e da história da humanidade.

Não podemos responsabilizar nem aos outros e nem aos deuses por nossos erros e acertos; podemos sim, sermos responsáveis pela nossa vida, por nossas escolhas, pelos caminhos que optamos seguir. Quando escolhemos algo significa que teremos de abrir mão de outras. Essa é a responsabilidade da liberdade e das escolhas; as duas são inseparáveis...

 

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Quem sou

Nascida em Belo Horizonte, apaixonada pela vida urbana, sou fascinada pelo meu tempo e pelo passado histórico, dois contrastes que exploro para entender o futuro. Tranquila com a vida e insatisfeita com as convenções, procuro conhecer gente e culturas, para trazer de uma viagem, além de fotos e recordações, o que aprendo durante a caminhada. E o que mais engradece um caminhante é saber que ao compartilhar seu conhecimento, possa tornar o mundo melhor.

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